terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Mitos, invencionices, ditadores e replicadores...

Hermanito, hermanito




"Acho que é importante o processo acontecer de uma forma mais tranqüila. O grande mito continua. Fidel é o único mito vivo da humanidade. O Brasil está satisfeito que seja assim, e não em um sistema turbulento. Eu tenho um profundo respeito ao povo cubano, que acho ser o mais politizado do mundo. Raúl está preparado"

Fonte: G1


Para o dicionário Aurélio, uma das varias definições de mito, esta dentro de um contexto antropológico, é a "narrativa de significação simbólica, transmitida de geração em geração e considerada verdadeira ou autêntica dentro de um grupo, tendo gerado a forma de um relato sobre a origem de determinado fenômeno, instituição, etc., e pelo qual se formula uma explicação da ordem natural e social e de aspectos da condição humana."

São mitos, exempli gratia, a origem do universo (mito do Genesis, para os cristãos), do Rio Amazonas (lágrimas de uma divindida indígena, para os índios brasileiros) ou a explicação do dia e da noite (mito ateniense, sobre a passagem de Apolo, sobre sua carruagem de fogo).

Bom, nesse contexto, como narrativa de significação simbólica tendente a explicar fenômenos naturais e sociais, nosso Presidente Lula está correto ao definir Fidel Castro, ao menos na primeira fase de sua vida, como revolucinário utópico.

Bacharel em Direito pela Universidade de Havana, desde a época de estudante liderava grupos defensivos e libertários. Assumiu, para si, a tarefa de defender opositores governistas, até o golpe de Estado de Fulgêncio Batista, em 10.03.1952. Fidel criticou, duramente, essa atitude golpista, em um jornal de grande circulação.

Condenado, posteriormente, pelos atos contrários ao golpe. Sua pena foi 26 anos de prisão. Preso, escreveu a sua auto-defesa "A história me absolverá", que foi clandestinamente divulgada em Cuba. O efeito e a importância de Fidel eram tantos que foi anistiado em 1955, após grande movimento popular.

O mito, junção empírica e sentimental, é algo que se faz além da própria coisa. Possui natureza abstrata, mais que fenomenológica, e, por isso mesmo, assume caracteres divinos. Nesta 1ª fase de sua vida, Fidel Castro era, de fato, um mito. Deu os alicerces da revolução socialista bem embaixo do nariz da maior nação capitalista do mundo, os "US and A", do Borat.

Contudo, como mostra a história, o momento faz o herói e o vilão. E, em sua segunda fase, este conceito de mito não é mais adequado para definir o lider de Cuba.

Na 2ª fase de Fidel, o que vemos é a faceta de um ditador. Limitações de liberdades dos nacionais de Cuba. Restrições mil a produtos estrangeiros. Achismos e teorismos utilizados, sobretudo, para a sua manutenção na frente da nação. Em suma, uma natural acomodação com o poder, com maior necessitade de poder (... O poder absoluto corrompe absolutamente...)que, ao contrário, trouxe alguns infortúnios aos viventes daqueal nação.

A falta de liberdade do agente é, de todo ponto, anti-democrática. Ainda que seja para o bem maior. A sociedade não pode ser tão-importante a ponto de esfacelar critérios mínimos de existência dos viventes, especialmente pelo fato de que ninguém escolhe, de antemão, o país em que irá nascer. Nesta segunda fase, o caráter policialesco de Cuba, sua feição nada democrática, e um lider ditatorial carismático, são uma síntese do governo-mandato de Castro.

Contudo, vejamos por outra aspecto. Ainda de acordo com o Aurélio, Mito poderia ser uma representação de fatos ou personagens reais, exagerada pela imaginação popular, pela tradição, ou seja, uma idéia falsa, sem correspondente na realidade.

Acho que, de acordo com esta última definição, o nosso Presidente conseguiu realizar uma boa definição. De fato, o Fidel, que se aposentou definitivamente do governo de Cuba, não é mais um idealizador.

Contudo, ele não é o único, pois temos várias pessoas, vivas, que se encaixam nos dois tipos de mito.

É, apenas, um ditador socialista exausto e cercado de capitalismo por todos os lados. Porém, "sin perder la ternura jamás".

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