Após ouvir suas opiniões, não há como ficar impassível. Diogo Mainardi reúne extremos, bons e ruins. É um crítico agudo, acentuado e direto, que não mede palavras, tampouco adjetivos. Fala tanto do micro, quanto do macro, sempre, contudo, mantendo-se fiel aos seus paradigmas. Talvez, por isso, eu goste de suas críticas, embora não concorde com várias delas.
Adoro ouvi-lo falar de política, da mesma forma que odeio o que ele fala da política. Comentários extremamente bem sacados, enquanto outros tão direcionados e mal-falados. Visões deturpadas , conjugadas com argumentos sólidos e irrefutáveis.
Mainardi é exatamente isso: um rio de contradições. Por ser dessa forma, ele acaba ganhando votos e os perdendo, na mesma quantidade. Mas, felizmente, ele ainda não possui qualquer intenção política, o que, a meu ver, retira todos suas possíveis críticas.
Segue crítica de sua autoria, publicada na Revista Veja, da 1ª semana de fevereiro de 2008.
Em guerra com o lulismo
Foi uma semana muito ruim para mim. Fingi que era um jornalista. Não um jornalista qualquer. Fingi que era um jornalista interpretado por Clark Gable, num filme de 1934, de Frank Capra. Não gostei. Nunca mais aceito esse papel. Moro de frente para a praia. O tempo todo eu queria abandonar o trabalho e cair no mar com a molecada. Mas não podia. Porque tinha de esperar o telefonema de um ou a mensagem urgente do outro. No fim, deu tudo errado. Não recebi o telefonema de um nem a mensagem urgente do outro. E não casei com a herdeira caprichosa interpretada por Claudette Colbert. Fiquei esperando à toa. Meu sensacional furo jornalístico fracassou.
Jornalismo é uma má profissão. Não recomendo a ninguém. Nossa sorte é que só os esquerdistas estão autorizados a praticá-lo. Eles merecem. Eles merecem tudo o que há de pior. Nossa sorte é também que só os esquerdistas estão autorizados a criticar a imprensa. Foi o que declarou Bernardo Kucinski numa entrevista de algumas semanas atrás. Para quem não o conhece, Bernardo Kucinski é um assessor de segundo plano de Lula. Ele ganha um salário do governo para recortar e colar as notícias publicadas nos jornais. Entre as muitas tolices que ele já disse, a maior foi que os jornalistas discriminam Lula porque ele é analfabeto. Mas não é apenas porque Bernardo Kucinski disse uma tolice tão grande que, a partir de agora, todas as suas opiniões devem ser necessariamente desconsideradas. Ele está certo, por exemplo, quando afirma o seguinte: "A crítica da mídia é um campo naturalmente exercido pelos que têm uma visão crítica dos sistemas dominantes de poder, ou seja, as esquerdas e os liberais-democratas. Noam Chomsky é um dos maiores representantes dessa atividade. Quando a direita faz crítica da mídia, devemos nos preocupar, porque não é usual, especialmente se faz isso em linguagem virulenta, porque pode denotar uma propensão da sociedade a expurgos e queima de livros, como já aconteceu tantas vezes".
Bernardo Kucinski está certo porque nós, monstros direitistas, realmente somos dados a um expurgo. De fato, se dependesse de mim ele nunca mais arrumaria um emprego em jornalismo. E se dependesse de mim os livros de Noam Chomsky iriam direto para a fogueira. Os únicos que podem criticar a imprensa com autonomia, de acordo com Bernardo Kucinski, são os membros do departamento de propaganda lulista instalado por Luiz Gushiken no Palácio do Planalto. O que mais espanta nesse discurso não é sua palermice esquerdista. Isso a gente tira de letra. O que mais espanta é que, depois de tudo o que aconteceu no último ano, depois de toda a roubalheira, depois de toda a pilantragem, eles, os lulistas, ainda se consideram melhores do que nós. E ainda se consideram com mais direitos do que nós. Lula rachou o Brasil. Os lulistas ficaram de um lado, nós do outro. É guerra aberta.
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