segunda-feira, 17 de março de 2008

Uma época que não pode ser esquecida

O fim do delírio coletivo


Final dos anos 80. O Brasil retornava, com passos lentos, ao caminho democrático. Uma eleição viria a trazer as grandes figuras políticas de todo o país e, entre elas, um jovem político alagoana, de uma família conhecida, das mais diversas formas, dava sua cara. A cara, ao menos, não era roxa.

Fernando Collor de Mello foi primeiro presidente, após o longo período da ditadura militar, a ser escolhida pelo povo, seus pares. Era, em síntese, uma busca por coisas novas, um novo ar, mais jovem, mais forte e mais bonito, àquelas carrancas envelhecidas e desgastadas dos Ministros/Presidentes/Ditadores militares. Era uma resposta à Era Geisel.

Contudo, a utopia tomou contornos de realidade. A pior realidade possível.

Após medidas inéditas, que merecem ser saudadas (legislações contra imoralidades administrativas, ganho de capitais e uma ventilação na economia nacional, com maior importação de produtos básicos), outras atitudes, que pareciam feitas a destempo, sem maiores reflexões, foram tomadas.

O Brasil virou, de modo bem simplório, um estudo real dos caracteres econômicos. Do absurdo confisco da poupança, aos milhões de reais furtados de nossos tributos, fomos pegos de sopetino, com as calças arriadas e ainda com a face embriagada pelos poucos momentos de sonho.

O que era sonho, mostrou-se real. E pelas bocas do próprio irmão do suposto salvador.

Contudo, a população compareceu às ruas. Se movida por órgãos da imprensa, ou se fruto de um sentimento coletivo, o Brasil deu sua voz nas ruas. E seus representantes, ao menos os congressistas, votaram, em quase uníssono, pela repulsa da corrupção. Pela rejeição do "mais do mesmo". Pelo impeachment.

O vídeo abaixo retrata, com um toque de humor indispensável, tudo aquilo que passamos. Aquilo que vibramos, ao visualizar, na televisão, a decisão do Congresso Nacional, sob as ordens do Presidente do Supremo Tribunal Federal, que impediu a continuação do mandato de Collor.





Link do vídeo: [Clique aqui]


Em tempos atuais, de uma relativa passificação financeira, em que questionamos outros comportamentos públicos, não podemos nos abater pela aparente fragilidade da opinião pública e pela expressão do povo.

É hora, sim, de darmos às coisas as parcelas de responsabilidade cabíveis. Ora, se um jovem, sozinho, conseguiu parar um tanque de guerra na China, o que se dirá de uma nação inconformada, frente a tantos casos de corrupção e ausência de nacionalidade?

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