quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Mudanças e atitudes


Mudanças
Acho que é normal, para o ser humano, ficar receoso frente mudanças.
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Sejam para melhor, ou para pior, nós gostamos, ou melhor, estamos acostumados com a comodidade, com um estado de espírito em que não é necessário fazermos nada a mais para continuar do jeito que estamos. Quem não conhece uma pessoa extremamente habilidosa, inteligente, que se acostuma com algo menor que ela, por preguiça de buscar coisas melhores? Essa preguiça, contudo, se transforma em medo de mudanças, se buscarmos a verdadeira causa do comodismo.
Cremos, sinceramente, que a vida correta é aquela que é a mais calma, a que conseguimos após um determinado esforço. Seria uma tranqüilidade merecida, fruto do embate diário e dos suores no trabalho. Vivemos anos de nossas vidas estudando, trabalhando, e esperando que, num futuro próximo, tenhamos paz para aproveitar tudo o que conseguirmos. Quando atingirmos determinado status social, cremos que agora é a hora de relaxarmos, aproveitarmos as conquistas e bebermos os licores do sucesso. E, também num futuro próximo, poderemos ter comodidade. Contudo, nessa falsa tranqüilidade nos enganamos.

Nos enganamos porque a premissa única da vida é a passagem. É a mudança. Nunca tomamos banho, no mesmo rio, por mais de uma vez, como dizia um antigo filósofo. Por que? Pois estamos em constante mudança. O rio está em constante mudança, com suas corredeiras infinitas. Quando adentramos na primeira vez, nosso corpo é um, nossa mente é uma, e aquelas águas que passam e nos molham não voltarão a nos tocar. Quando voltamos, nosso corpo já foi mudado, assim como nossa mente, e outras águas irão nos molhar. E assim constantemente.

Se, em uma coisa tão simples quanto um banho no rio, não podemos encontrar tranquilidade, comodidade, quem dirá na nossa própria vida diária, cheia de percalços, inseguranças e buscas infrutíferas?

O que antes era certo, amanhã não o será. Se hoje respiramos fumaça no centro da cidade, amanhã poderemos estar no campo, sorvendo outros ares. Ou, na pior das hipóteses, poderemos estar a sete palmos do chão, não respirando mais.

A vida é mudança. O cotidiano nos prova isso. Aqueles que não enxergam essa verdade, apesar de crua e simples, se perdem e não conseguem obter o máximo que a vida propicia. Os que, ao contrário, se arriscam e metem suas caras, podem obter tudo o de bom que há para se vivenciar no planeta.

Exemplos temos aos montes, mas basta ver os jovens milionários, do dia pra noite, em jogos arriscados, mercados de ações, compras e negócios audaciosos. Isso era arriscado? Em parte, sim, pois exigia a saída da postura passiva, de quem espera algo de alguém, e significa a tomada de atitudes positivas, com ações, atuações. Não estamos acostumados a tanto.

Quando alguém nos critica, tendemos a tomar uma atitude conformista, ao invés de uma criacionista. Frente uma crítica, vamos rebater quem está criticando, ao invés de buscar, nessas palavras, algumas dicas para melhora interior. Isso se reflete em todas nossos esforços diários. Um novo emprego, nova namorada, novo amigo, tudo tem que se enquadrar no nosso estilo de vida. Por que não o contrário? Por que nós, ao contrário de esperar que as coisas e pessoas entrem nas nossas vidas, não entramos nas vidas dos outros? Pois, simplesmente, a maioria das pessoas está tão enrijecida, tão entristecida, que não possui (ou acredita não possuir) forças para sofrer decepções. Ora, a vida é mudança e, frente a tantas alterações, decepções irão ocorrer, assim como grandes alegrias. Tentar fugir disso é, simplesmente, tentar fugir da vida.
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E, por estarmos tão acostumados a sermos nós mesmos, não aceitamos nossos erros e falhas, não buscamos nos corrigir e, o que é pior, acreditamos falsamente que essa calmaria é o nosso modo de ser. Ou seja, quem cala e consente nada mais faz que calar suas vontades e consentir com o fim da sua vivência.

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