Nem toda a culpa, pelas mazelas da america latina, podem ser dirigidas aos seus dirigentes. Não podemos esquecer do papel decisivo das grandes potências econômicas, desde o imperialismo colonizador, na manutenção das idiossincrasias regionais e da perpetuação das desigualdades sociais no bloco latino-americano.
Desde o descobrimento, com o maior extermínio, já visto na História, de um grupo social minoritário (no caso, as diversas populações indígenas), passamos por épocas de imposições, atenuadas por períodos de "liberdade". Mas, sempre, com um pé lá atrás, receosos de uma volta ao passado.
A ditadura das décadas de 70/80 foi, conforme apontado por vários especialistas de renome, um dos piores períodos da história moderna do Brasil. Com a força, de forma arbitrária, descontrolada e perversa, os militares e parte da elite brasileira mantiveram, com o suor e sangue de todo o resto da população, um estado de total submissão.
A partir de falsas idolatrias (tricampeonato mundial, milagre econômico), de desvios informativos gritantes (basta ver as origens das emissoras que dominavam a população, sob uma falsa aparência de normalidade em enlatados diários), de muita repressão e de mitigação das liberdades individuais, esse grupo de ditadores dominou, com rédeas curtas, qualquer manifestação de inteligência na época. E, para aqueles que pensavam, vale citar um lema emblemático na época: "Brasil, ame-o ou deixe-o".
Contudo, quanto maior é a repressão, mais gritantes vozes irão aparecer. O falso estado de segurança, propiciado por esse estado policialesco, uma hora teria que ruir. E, nesse ponto, mostramos que somos inquietos. E muito. Há, por incrível que pareça, aqueles que amam o Brasil, não o deixam, mas não se conformam com um estado arbitrário, animalesco e descontrolado, como se vê no seguinte documentário ("Lei n.º 5.536 - A censura da ditadura militar no Brasil") .
E, depois, ainda tem gente que acredita em um terceiro mandato ou, em hipóteses mais delirantes, em uma nova espécie de ditadura, tal qual ocorre na Venezuela, onde o povo é enganado constantemente, iludido por meros plebiscitos, quando não há escolha direta de nada.
No Brasil, felizmente, temos instituições fortes, como o Ministério Público, o Judiciário, as distantes -mas-existentes Sociedades Civis. Basta um incentivo, desde que genuíno, e vamos repudiar qualquer forma de exclusão de nossa liberdade mais pura.
A confiança de alguém, ou um povo, sempre pode se dar apenas unidirecionalmente. Que o diga essa racinha denominada "políticos". Não podemos cochilar, em questão de democracia, nunca. Por isso, tentativas de alongamento de mandato, de diminuição da participação popular, de quebramento de institutos imprescindíveis para a população mais pobre, devem ser repudiadas.
Nossas pretensões imperialistas, digo, as pretensões imperialistas brasileiras na América do Sul não podem suplantar, nunca, a nossa verdadeira feição, consagrada no art. 1º, III, da Constituição da República. Somos um Estado que prima, essencialmente, pela preservação da dignidade da pessoa humana de todos os brasileiros. E apenas em um governo da democracia, com respeito às diferenças, em que se atendam do mais rico ao mais miserável, isso pode ser concretizado.
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